Já sentiu aquela paz gostosa de caminhar numa praia vazia ou aquele fresquinho revigorante ao entrar numa mata? Pois é. Parece que nosso corpo e nossa mente foram feitos para estar em contato com a natureza.
Só que, na correria do dia a dia, principalmente nas grandes cidades, a gente acaba se trancando entre quatro paredes de concreto e se desconectando completamente disso.
E se existisse uma maneira de trazer um pouco desse bem-estar para dentro de casa? É justamente sobre isso que vamos falar.
Uma tendência poderosa, chamada biofilia, está ganhando cada vez mais força no mundo da arquitetura e do design. E não é nenhum bicho de sete cabeças. O conceito é simples: é a nossa vontade inata de se conectar com o mundo natural.
Para explicar de um jeito fácil: biofilia é o amor pela vida. É aquele instinto que nos faz colocar um vasinho de samambaia na sala, ou que nos deixa mais felizes quando abrimos a janela e vemos uma árvore.
Agora, imagine levar isso a um outro nível, integrando a natureza de verdade no projeto da sua casa ou apartamento.
Um Evento que Semeou Ideias
Para mostrar como isso é possível, a CASACOR, uma das principais mostras de arquitetura e design do país, escolheu Florianópolis como palco para uma verdadeira imersão verde.
O tema deste ano foi “Semear Sonhos”. E os arquitetos e paisagistas interpretaram isso ao pé da letra, criando ambientes onde a natureza não é só um enfeite, mas parte fundamental do espaço.
Os projetos foram pensados para nos fazer sentir, cheirar, ver e tocar a natureza. É uma experiência para os sentidos. Vamos dar uma olhada em alguns desses espaços que são pura inspiração para a gente repensar nossa própria casa.
Da Fachada ao Coração da Casa
Logo na entrada, a “Casa Dimas”, assinada pela Octaedro Arquitetura, já dá o tom. Os arquitetos pegaram uma estrutura antiga de madeira e vidro e a transformaram, reaproveitando tudo.
Isso já é um grande passo em direção a uma construção mais consciente, algo que todos podemos valorizar.
Dentro dela, um jardim central é a grande estrela. Ele “atravessa” a casa, subindo até o teto alto, criando uma ligação direta entre o interior e o exterior.
O uso de tons terrosos, madeira e muito vidro faz com que o ambiente seja, ao mesmo tempo, moderno e extremamente acolhedor. É a prova de que sustentabilidade e beleza andam juntas.
Uma Praça Mágica Dentro de um Galpão
Um dos projetos mais impressionantes é a “Praça Mergulho Urbano”, criada pelo escritório Terraço Paisagismo. Eles pegaram um espaço que, em tese, é o oposto da natureza: um galpão industrial. E, de repente, transformaram aquele lugar numa praça de contemplação.
Como? Usando espelhos d’água que refletem a arquitetura, uma névoa suave que sai de um arco suspenso (que deve dar uma sensação incrível de frescor!) e muita vegetação. A iluminação é âmbar, aquela cor quente, que deixa tudo com um clima aconchegante e de sonho. É um convite para desacelerar. Isso mostra que não importa onde a gente more, sempre dá um jeito de criar um cantinho de paz verde.
O Ponto de Encontro Entre as Pessoas
Nenhuma casa fica completa sem um espaço gostoso para receber os amigos, não é? O “Café dos Amigos”, do coletivo Dez Arq.Design, capturou perfeitamente esse espírito. Com 350 m² e vegetação abundante, o ambiente é uma celebração da convivência.
Árvores de grande porte crescem dentro do espaço, borrando a linha entre o que está dentro e o que está fora. Materiais naturais, como pedra, madeira e cerâmica artesanal, dominam o cenário, criando uma atmosfera leve e afetiva.
Mais do que um lugar para tomar um café, é um espaço de pertencimento. A natureza, nesse caso, atua como o elemento que une as pessoas.
Onde o Concreto e o Verde se Abraçam
Às vezes, são nos cantinhos mais simples que a magia acontece. A designer Jeane Silva pegou um simples corredor da mostra e o transformou no “Jardim Concreto”. O nome já diz tudo: é a natureza mostrando sua força, mesmo em meio à rigidez do material mais urbano que existe.
Vegetação orgânica, pedras e uma iluminação suave criam um refúgio de serenidade. O projeto é um lembrete gentil para a gente valorizar os “espaços de passagem” da nossa própria casa.
Que tal transformar aquele corredor sem graça com umas prateleiras de plantas? Ou a área da lavanderia? São pequenas mudanças que trazem grande impacto no nosso dia a dia.
Uma Homenagem às Nossas Raízes
Para fechar o circuito com chave de ouro, o “Jardim Sementes Brasileiras”, das paisagistas Adriana Alves e Carolina Soder, é um verdadeiro manifesto ecológico. O espaço é composto exclusivamente por espécies nativas do Brasil. Ou seja, são as plantas que já estão acostumadas com o nosso clima e solo, o que as torna mais resistentes e fáceis de cuidar.
O jardim é uma homenagem à nossa biodiversidade e aos saberes ancestrais. Usa elementos como muros de tijolos artesanais e até uma lareira ecológica.
E o melhor: práticas sustentáveis, como a captação de água da chuva, são parte fundamental do projeto. É um exemplo de como podemos celebrar a riqueza do nosso próprio quintal, com consciência e muito estilo.
E Como Levar Isso Para Minha Casa?
Você deve estar pensando: “Tudo lindo, mas moro num apartamento de 50m²”. Calma! A biofilia não precisa de muito espaço, só de um pouquinho de criatividade.
Que tal começar com um cantinho de plantas? Varanda, sacada ou até uma parede vertical na sala. Escolha espécies que se adaptem bem à luz do seu ambiente. Um vaso de ervas como hortelã, manjericão e salsinha na cozinha, além de lindo, é útil!
Priorize a luz natural. Deixe as cortinas abertas, coloque espelhos para refletir a luz do sol. Materiais naturais fazem toda a diferença. Uma estante de madeira, um tapete de fibra natural, almofadas de linho. São detalhes que trazem textura e aconchego.
E não se esqueça dos outros sentidos. Uma pequena fonte de água pode trazer o som relaxante da água corrente. Difusores com essências de madeira, grama cortada ou flor de laranjeira também ajudam a criar uma atmosfera.
No fim das contas, a biofilia é sobre lembrar de onde viemos. É sobre criar lares que não só são bonitos, mas que também fazem bem para a nossa saúde e para o nosso espírito. É uma forma de, em meio ao caos urbano, a gente semear um pouquinho de paz e colher bem-estar todos os dias.
